É
impressionante revisitar filmes e ver como se mantém atuais, dialogando com a
atualidade e nos fazendo pensar. Acabei
de revisitar dois filmes, um é o “Clube da Luta” e o outro “A Onda”. Estava
pensando na situação por que passa o nosso país quando refleti sobre esses
filmes.
Há algum tempo
venho refletindo sobre uma questão existencial em nossos jovens e jovens
adultos, uma geração acostumada a se divertir, que se não cresceu na era digital,
acompanhou seus primeiros passos desde crianças. Saídos de uma autêntica classe
média, ou da nova classe média, gerada em uma década de inclusão de milhares
brasileiros inseridos no consumo, somados a uma noção errada de meritocracia no
trabalho, onde esqueceram que foram colocados na mesma linha de partida dos
outros por meio de políticas de afirmação (Cotas, FIES, PROUNI e cursos
técnicos federais).
Em cena do
filme “Clube da Luta”, o personagem de Brad Pitt, Tyler Durden discursa: “Nós somos os
filhos de um país ridículo e sem história, sem propósito ou lugar. Não tivemos
Grande Guerra, não tivemos Grande Depressão. Nossa grande guerra é a guerra
espiritual, nossa grande depressão são nossas vidas. Fomos criados pela
televisão para acreditar que um dia seríamos ricos, estrelas de cinema os
astros do rock. Mas não seremos. E estamos aos poucos aprendendo isso. E
estamos muito, muito revoltados”.
Seria anti-ético fazer nossa auto análise, pois nunca
passamos por guerra, as igrejas neo-pentecostais crescem pregando o crescimento
de riqueza individual como medida de fé, enquanto programas de televisão como
BBB entre outros, nos fazem acreditar em celebridades instantâneas como
parâmetro de sucesso, fazendo muita gente correr para as academias tendo como
último propósito a saúde e a consciência corporal, porém sabemos que tudo isso
não nos preenche espiritualmente, perpetuando aquela sensação de vazio.
Em “A Onda”, um filme que os personagens (professor e
alunos) discorrem sobre a possibilidade de implantar uma nova autocracia na Alemanha
tendo como ensaio a sala de aula, já no começo do filme, dois alunos dialogam
com frases: “Não temos nada. Contra o que é que vamos nos revoltar hoje
em dia” e “O que falta para nossa geração
é um objetivo comum, algo para unir as pessoas”. Já em outra parte do
filme, outros personagens disparam sobre as condições para a implantação de uma
ditadura enquanto falam das condições ideais: Desemprego, Injustiça Social,
Inflação Alta e Nacionalismo Exacerbado.
Com
essa combinação explosiva de vazio existencial e condições ideais de
insatisfação popular, faltava apenas um alvo. Os grandes veículos de
comunicação tiveram apenas que ligar um partido ao monopólio da corrupção e a
partir daí recrutar soldados, quero dizer brasileiros, para lutar contra ela. Em
um piscar de olhos, estavam unidos, lutando por um país, todos com um objetivo,
disciplinados e seguindo o comando da grande mídia,
O cinema é
mesmo fascinante e profético.
Hudson
Valinhos
Fichas técnicas dos filmes:
Clube
da Luta
Título Original: Fight Club.
Origem: Estados Unidos / Alemanha, 1999.
Origem: Estados Unidos / Alemanha, 1999.
Duração:
2h31m
Direção: David Fincher.
Roteiro: Jim Uhls, baseado em livro de Chuck Palahniuk.
Produção: Ross Bell, Cean Chaffin e Art Linson.
Fotografia: Jeff Cronenweth.
Edição: Jim Haygood.
Música: The Dust Brothers.
Direção: David Fincher.
Roteiro: Jim Uhls, baseado em livro de Chuck Palahniuk.
Produção: Ross Bell, Cean Chaffin e Art Linson.
Fotografia: Jeff Cronenweth.
Edição: Jim Haygood.
Música: The Dust Brothers.
A Onda
Título
Original: Die Welle
Origem :
Alemanha, 2008.
Duração:
1h41m
Direção: Dennis Gansel
Roteiro: Dennis
Gansel, Peter Thorwarth
Produção: Nina Maag
Fotografia: Torsten Breuer
Trilha
Sonora: Heiko
Maile
Olá, gostei muito de sua reflexão. Nos faz pensar sobre a nossa geração e essa que cresceu, nos últimos 10 anos, próxima do consumo e prosperidade econômica e tão longe de um ideal para lutar. Agora, buscam preencher esse vazio...mas sem "formação" própria...qualquer orientação serve. beijos e parabéns! Continue escrevendo.
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