sábado, 19 de março de 2016

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O casal de Aécio no jornalismo da Globo em Brasília.


Por Paulo Nogueira / DCM   www.dcm.com.br
      
"O Aécio me disse": Andreia Sadi
“O Aécio me disse”: Andreia Sadi


Continuam a chegar a mim mensagens de jornalistas da Globo revoltados com as atitudes indecentes da emissora.
Todos me pedem anonimato, por razões óbvias: a Globo é vingativa e é poderosa.
Recorro mais uma vez, como no outro texto que escrevi sobre o tema, a letras para proteger os dissidentes.
A se refere à própria empresa como Império do Mal.
A está particularmente revoltado com o “Casal do Aécio em Brasília”.
“Isto é jornalismo?”, ele me pergunta.
Não, não é.
O casal a que ele se refere é formado por Andreia Sadi, da GloboNews, e Paulo Celso Pereira, coordenador de política do Globo em Brasília.
“O Paulo Celso é primo do Aécio. Passa tudo que os repórteres levam a ele para o primo. E ele é casado com a Andreia, da GloboNews. O padrinho de casamento dos dois é o Aécio.”
 
Paulo Celso na GloboNews: Aécio forte na Globo

Paulo Celso na GloboNews: Aécio forte na Globo


“É um conflito de interesses repugnante”, diz A. “Ou estou enganado?”
Não, não está. Não se pode chamar de jornalismo isso. Pulitzer, talvez o maior jornalista da história, tinha um princípio sagrado: jornalista não pode ter amigos.
Ter amigos corrompe o jornalista. Ele não vai cobrir um amigo com a devida isenção. Mas a Globo foi muito adiante dos maiores temores de Pulitzer: coloca primos, afilhados para cobrir – sem que os leitores saibam – políticos que deseja proteger, como é o caso de Aécio.
A me sugere que dê uma olhada nas páginas do Twitter de ambos. Faço isso. Parecem um casal apaixonado. Trocam juras. “Amo o Paulo Celso mais que doce de leite”, escreveu ela uma vez. Ele respondeu: “Você é tudo.”
Andreia não faz muito esforço para disfarçar seu vínculo com Aécio. Num tuíte, ela escreveu: “O Aécio me disse que etc etc etc”. Em nome da transparência, talvez ela pudesse dizer o seguinte: “Meu padrinho me disse que etc etc.”
Mas transparência não é um valor na Globo. Roberto Marinho, às escondidas, pedia “favores especiais” – a expressão é dele – para os chefes da ditadura militar em troca do apoio que lhes dava como “mais fiel e constante” amigo dos generais.
A Globo virou o que é graças a tais favores. Foi assim que se ergueu o Império do Mal, como a chama um de seus jornalistas.
Vejo esta semana no Twitter de Andreia. Há muitas notas todos os dias sobre o mundo político. Nenhuma delas, no entanto, diz nada sobre os apuros recentes de Aécio.
No Planeta Andreia, o PA, Aécio não foi denunciado por Delcídio como beneficiário de propinas em Furnas. Aécio também não tem conta secreta em Lichtenstein, segundo o PA. Andreia informa que o protesto pelo impeachment teve 1,4 milhão de pessoas. É o número da PM. Ela não dá a estimativa do Datafolha, um terço menor.
Uma pesquisa no Google mostra que Paulo César comparece também a outros veículos da Globo, como a Globonews.
A me pergunta: “Que que eu faço, Paulo?”
Tough question.
Sou pragmático.
“Respira fundo e procura não vomitar todos os dias. Os sites independentes, que fazem jornalismo verdadeiro, estão crescendo na Era Digital, na qual a Globo é uma carroça em meio a carros. Em breve jornalistas como você poderão ganhar a vida longe do Império do Mal.”


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